Governança e Família EmpresáriaXestaques

A importância da sucessão bem planejada

By 02/04/2018 fevereiro 6th, 2020 No Comments
sucessão

Qualquer processo de mudança pode suscitar medos, em uma empresa familiar, a hora da sucessão não foge à regra. Um dos segredos para evitar os embates, é estabelecer diálogos. A sucessão é um processo e o início desse trabalho depende da motivação da família, do desejo do fundador e do ciclo de vida da empresa. Contudo, é sempre mais fácil chegar a um acordo quando não existe conflito ou crise instalado, tanto familiar quanto empresarial. Por isso, quanto mais cedo a família pensar nesse tema, mais chance do processo obter êxito. É necessário planejar não apenas no curto prazo, pensando da primeira para a segunda geração, mas em um modelo que preveja a continuidade nas próximas transições. Para isso, a família precisa alinhar expectativas com relação ao negócio e seu patrimônio.

O importante é que sejam alinhadas e respeitadas as combinações realizadas e os limites de alçada nas tomadas de decisão, assim como combinar os limites na relação família x empresa para que não haja interferências. Uma consultoria especializada pode auxiliar na identificação dessas necessidades, ajudando a família na correção de lacunas, além de mediar conflitos e colaborar na avaliação comportamental e de capacitação de pessoas e grupos. Após o diagnóstico, organiza-se o modelo de sucessão mais adequado para a família. Em seguida, a governança propõe o formato de gestão que vai construir relações de confiança entre os membros que estão diretamente envolvidos nos negócios. Para a preparação dos membros, entra a fase da capacitação. Aqui, os familiares são preparados para desempenhar papéis com responsabilidade. Dessa forma, os indivíduos são orientados de forma completa e contam com acompanhamento qualificado e responsável. A governança, por exemplo, permite a criação de fóruns em que a família se sente representada, ouvida e atuante no negócio de forma organizada e sem intervir no modelo de gestão. O conselho de família, conselho de sócios, conselho de administração e comitês são exemplos de espaços que a família poderá ocupar e contribuir nas decisões.

Fatores como a falta de legitimidade do novo executivo familiar ou não, o despreparo ou incapacidade de gerenciar e tomar decisões importantes do gestor eleito; o desalinhamento do novo líder à cultura da empresa e aos valores da família pode por em cheque o processo sucessório. E esse insucesso, muitas vezes, perdura a ponto da empresa não sobreviver. A falta de um conselho que supervisione o desempenho dos novos líderes, orientando-os, cobrando resultado ou até mesmo demitindo-os, se necessário, é determinante. Esse quadro negativo pode ser evitado com um trabalho sistêmico junto à família e aos executivos que estão na empresa e que conhecem bem o negócio. E quanto mais cedo começar, melhor.

 

Por Magda Geyer Ehlers, psicóloga e consultora, especialista em gestão da sucessão de empresas familiares e fundadora do Instituto Sucessor