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A liderança feminina e seus múltiplos papeis no cenário atual

liderança feminina

Na sequência dos encontros virtuais que o Instituto Sucessor iniciou em maio de 2020, conversamos com três mulheres em cargos de CEO ou diretoria em empresas familiares, exemplos da liderança feminina em seus negócios.

Gabriela Schwan, CEO dos Hotéis Swan, Ana Luiza Ferrão, diretora da Gang Comércio de Vestuário, e Aline Eggers, CEO da Fruki Comércio de Bebidas, compartilharam suas experiências, seus desafios, suas ânsias e suas energias positivas para passar por esse momento difícil que a sociedade vive.

O que virá? Ninguém sabe. Mas é possível fazer um paralelo entre a vida de agora e o que possivelmente virá.

 

Liderança feminina e os desafios

 

Considerando mulheres que, há muitos anos, conciliam trabalho e família, ressaltamos os desafios nessa fase complexa que vivemos.

Com relação à gestão no trabalho, em cenário de inseguranças, as líderes contam que as primeiras preocupações foram com saúde física e emocional e com a segurança dos seus funcionários. Para isso, foi considerado um grande aumento na comunicação interna das empresas, com honestidade e clareza.

Além dessa comunicação intensa, a união, diálogo próximo, transparência e a tomada ágil de decisões também foram valores transmitidos para os colaboradores, utilizando recursos como tecnologia para auxiliar na distribuição dessa informação clara.

Segundo elas, há hábitos que podem ser trazidos como legados: as reuniões virtuais que facilitam a dinâmica e produtividade do trabalho, uso da tecnologia por pessoas de gerações mais antigas, velocidade na adaptação e nas decisões, aprendizados na gestão de tempo e de recursos financeiros e cuidados nos hábitos de saúde.

Velocidade, resiliência e coragem foram as principais palavras citadas pelas empresárias para falar do âmbito do trabalho.

As mulheres em cargos de liderança podem perceber, muitas vezes, uma certa cobrança de equilíbrio emocional para com a gestão das empresas e gestão da família.

Isso pede uma força e energia que muitas vezes podem ser encontradas em uma retomada aos seus propósitos e seus valores. Nesse contexto, Gabriela relata uma grande preocupação com a saúde emocional de todos, tanto funcionários, quanto família. Ela considera a família como a base de tudo, ressaltando que o trabalho exercido na governança familiar da sua empresa está mostrando muitas vantagens nesse momento. A união entre os membros oferece uma grande força e liga família e empresa de uma maneira saudável.

Ana Luiza comenta que é movida pelo desafio e pela inovação que já está enraizada na cultura da sua empresa. O carinho e a união dos colaboradores também servem como força para o crescimento, mesmo nesse momento difícil.

Já Aline ressalta a grande responsabilidade de gerir uma empresa em um momento tão crítico, dizendo que o desafio a move. O engajamento das equipes também aparece de maneira muito positiva, além da união da família, uso da criatividade e a capacidade de manter a calma.

Em casa, os filhos pequenos dessas jovens mães estão tirando algumas vantagens desse momento de home office dos pais, onde é possível uma maior proximidade entre eles e uma maior disponibilidade de tempo por parte das mães e pais.

 

Família: A base de tudo

 

As líderes demonstram uma grande conexão com seus valores de família. A psicóloga Mônica Böhme ressalta que as convidadas apresentam diversas características inerentes à mulher e ao cargo de líder que exercem, aspectos esses que são relevantes para a gestão da família e da empresa. Passa a ser interessante avaliar a capacidade de unir teoria e prática de forma ágil, além da resiliência. Aceitar e acolher o inevitável também acaba por ser uma dessas características presentes no feminino e na liderança.

Mônica ressalta mais alguns aspectos de reflexão nesse perfil de mulher e líder, como cuidar de si e do outro, ouvir atentamente, falar didaticamente e ter um olhar compassivo. Ter clareza de sentimentos, transparência, esperança e busca de significados são outras incidências potencializadas no feminino e na liderança.

 

Todos temos incertezas quanto ao que fica depois que a fase difícil passar. Será que o espírito colaborativo, os cuidados com saúde, a união e a empatia permanecerão genuínos em nossos hábitos?

Dentro dessas dúvidas e desafios, um dos principais legados, com certeza, passa pelo aprendizado de si mesmo. Ana Luiza conta que está percebendo suas habilidades de fazer muitas atividades ao mesmo tempo e saber elencar prioridades. Gabriela ressalta estar descobrindo uma força inimaginável em si e Aline comenta que foi preciso se redefinir para se adaptar ao imprevisível.

Tudo isso mostra uma redescoberta por parte das líderes, que acaba por ser um aspecto positivo de toda essa adaptação que o momento pede. A nossa rotina, segundo Magda Geyer Ehlers, é o que nos estrutura como pessoa, é a primeira base de limites que conhecemos, e a mudança nesses planejamentos diários acaba por nos mostrar características antes desconhecidas e proporcionar o autoconhecimento.