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Empresas familiares lucram mais durante pandemia, aponta estudo

By 12/03/2021 março 16th, 2021 No Comments
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Apesar do período de incertezas na economia, baixa nos faturamentos, demissões e, até mesmo, encerramento de atividades em empresas, um estudo realizado pelo banco suíço Credit Suisse apontou que as empresas familiares estão entre as que mais lucram e dão retorno aos acionistas durante a pandemia.

O estudo Family 1000 mostrou que empresas que têm membros da família fundadora na gestão, além de apresentar um desempenho financeiro e lucro melhores durante esse período, são as que possuem a visão mais alinhada com critérios sustentáveis (ESG, ambiental, social e de governança corporativa), além do olhar de longo prazo para os investimentos do negócio.

Para participar da pesquisa, a Credit Suisse criou alguns critérios, como a necessidade de serem empresas listadas na bolsa e atender um ou dois dos critérios para propriedade familiar: O fundador ou sua família devem ter ao menos 20% do capital social da empresa; O fundador ou sua família devem controlar ao menos 20% dos direitos de voto da empresa.

O estudo, publicado no segundo semestre de 2020, analisou o comportamento de empresas familiares comandada pelos fundadores, comparando diretamente com negócios que não têm os fundadores à frente da tomada de decisão – todas elas com capital aberto. Foram avaliadas, portando, organizações de vários países sob três óticas: resultados ao longo dos anos, desempenho na pandemia e alinhamento com princípios sustentáveis.

No primeiro quesito, os negócios familiares mostraram que contam com uma estratégia de investimento de prazo mais longo do que as demais. Na prática, isso traz mais estabilidade e lucratividade, além de proporcionar maior retorno financeiro aos acionistas, com valorização de, em média, 3,7 pontos percentuais anualmente a mais.

Para o Credit Suisse existe um “efeito-família” nesse acréscimo de investimentos em ações, já que parte do retorno acima da média do mercado é explicada por quem senta na cadeira da gestão.

“As empresas familiares tendem a se concentrar mais em pesquisa e desenvolvimento, o que é indiscutivelmente um indicador de longo prazo”, comenta o relatório do estudo.

O imprevisível lucro das empresas familiares na pandemia

No desempenho durante a pandemia, o relatório aponta que: “A pandemia de covid-19 tem tido um significante impacto nos retornos do mercado de ações e na volatilidade dos ativos este ano. No estudo anterior, nós destacamos que os negócios familiares tendem a ter características mais defensivas, que os permite performar bem, particularmente durante períodos de estresse no mercado. Curiosamente, notamos que empresas familiares têm recorrido menos a demissões de seus funcionários do que as outras (46% versus 55%)”.

Os realizadores do estudo comentam que, historicamente, os negócios geridos por fundadores tendem a se agarrar no que já conhecem e em se reestruturar a partir daquilo que já fazem. Mesmo assim, a forma de fazer negócio vai mudar e mais da metade das empresas estudados não se veem com o mesmo nível de quadro de funcionários do período pré-pandemia.

Tanto para as grandes quanto para as pequenas organizações, o estudo do Credit Suisse estima que desde 2006 o crescimento da receita das empresas familiares é 2 pontos percentuais maior do que seus pares. Ao mesmo tempo, também sugerem que seu lucro e retorno do fluxo de caixa também são superiores.

Os critérios sustentáveis

Um outro destaque forte do estudo Family 1000 é com relação ao ESG. As empresas familiares, segundo a pesquisa, trazem um maior apelo aos critérios de sustentabilidade (ambiental, social e de governança corporativa), quando comparadas à empresas de gestão não familiar.

Quanto ao grau de comprometimento, portanto, a Credit Suisse mostra que essas companhias, em média, tendem a ter resultados ligeiramente melhores no ESG: “O que é interessante em nossa opinião é que o desempenho relativo é um fenômeno mais recente, que tem se fortalecido nos últimos quatro anos. O melhor desempenho geral é principalmente liderado por melhores pontuações ambientais e sociais. Mas, as empresas familiares ficam um pouco para atrás do que as não-familiares no quesito governança”, diz o relatório.

Um ponto interessante para análise é que empresas mais antigas tem um maior comprometimento com os princípios ESG, comparado com as mais jovens: “Talvez o fato de as empresas familiares mais antigas terem mais processos estabelecidos permitem que elas incorporem ou se concentrem em áreas de seus negócios que não estão diretamente relacionados à produção, mas que são relevantes em termos de manter a sustentabilidade geral do negócio em termos de governança”.

Estudos como esse mostram uma tendência otimista para empresas familiares, principalmente, considerando um período de instabilidade. Confira o estudo completo clicando aqui.