A vida é cheia de incertezas e transformações. À medida que o tempo passa, mudanças vão aparecendo, sejam elas mais lentas – com o passar dos anos, ou aquelas mais rápidas – que mudam a nossa rotina de uma hora para a outra.
Nesse início de 2020, a humanidade está vivendo uma grande mudança repentina, ocorrida por uma pandemia que está afetando não apenas a área da saúde e economia, como também a sociedade como um todo.
Com o grande fluxo de informações, globalização, fronteiras cada vez mais abertas e rotinas cada vez mais agitadas, de repente, as pessoas tiveram que parar, desacelerar e se unir contra um inimigo invisível que assusta e gera medo e incertezas.
De maneira muito repentina, o trabalho mudou, a vida em família mudou, a percepção de mundo mudou e os vínculos e as relações familiares em momentos de crise também acabam por mudar.
Nesse sentido, é importante falarmos sobre as relações e os vínculos que construímos com as pessoas que estão a nossa volta, além de pensar nos significados que essas aproximações têm em nossa vida.
O vínculo ocupa-se da relação entre dois ou mais sujeitos inseridos em um mesmo contexto. Já que não existe um ser separado: todos somos vinculados, sendo que esse relacionamento está presente e ativo nas famílias, nos casais, nas instituições… e isso só acontece diante da presença do outro, do diferente, do novo, do inusitado.
A cada encontro sou tocado pelo outro, e quando este toque faz sentido e se encaixa em mim, pode haver o afastamento. No entanto, não o rompimento. Fui tocado, logo o outro já está em mim, dentro de mim. Não sou sozinho, sou eu e você, conforme explica a psicóloga Iara Pezzini Saccomori, diante da palavra vínculo – que possui tantos significados.
Nesse contexto, aparece também uma outra palavra que se sugere ser trabalhada e analisada nesse momento: a empatia. O eu e o outro necessitam andar, suficientemente, de mãos dadas para a vitalidade vincular. Compreender o outro colocando-se no espaço dele oferece visões antes não percebidas quando retorno ao meu espaço.
As crises sempre geram oportunidades. Esse olhar mais reflexivo e subjetivo pode levar as pessoas a mudanças que vão além do esperado. As relações familiares, nesse contexto, podem se transformar e se elevar a níveis mais construtivos para os membros das famílias e, mesmo sendo um momento difícil, é possível atrair aspectos positivos para os relacionamentos entre os familiares e para o autoconhecimento de cada membro desta família.
Com esse breve e introdutório exposto de ideias, convidamos você, leitor, a encarar esse período de reclusão, isolamento, mudança de rotina e desaceleração para olhar para si e para o outro, a fim de análises suas relações e, mais profundamente, seus vínculos.
