A participação e o espaço cada vez maior da nova geração dentro da Governança Corporativa e da Governança Familiar se torna cada vez mais evidente em tempos de globalização e modernização dos processos.
Nesse contexto de mudanças rápidas e importantes nas empresas, as mulheres têm conquistado espaço na gestão dos negócios e família, além de se perceber outras grandes mudanças no âmbito dos Conselhos.
Para falar um pouco mais sobre esse processo de atualizações e sobre a participação da nova geração nos órgãos de Governança Familiar, convidamos duas jovens herdeiras de famílias empresárias para contar um pouco de suas experiências e desafios nesse trabalho.
Isabelle Randon, das Empresas Randon, e Helena Brennand, do Grupo Cornélio Brennand, ambas membros de Conselhos, conversaram com Magda Geyer Ehlers sobre esse tema na sétima edição do IS Conversas – os webinários do Instituto Sucessor.
A participação da nova geração no Conselho de Família
O Conselho de Família, dentro da estrutura de Governança Familiar, se mostra como o principal órgão de gestão, no sentido de continuidade do legado, preservação dos valores e da marca familiar, longevidade, desenvolvimento de herdeiros e prevalecimento dos interesses da família, funcionando como um grande suporte para os processos de gestão de empresas familiares.
Na realidade atual, as novas gerações estão se apropriando de lugares relevantes dentro desse órgão, trazendo essa atualização tão importante em tempos modernos. Isabelle Randon é membro da terceira geração da família Randon e conta que a estruturação da Governança Familiar trouxe grandes vantagens, organizando processos e abrindo oportunidades para as gerações fazerem parte dos órgãos, envolvidos diretamente na perpetuação do legado.
Essa aproximação da terceira geração com os órgãos de conselho ofereceu a esses membros a possibilidade de conhecer melhor a empresa e se preparar para o futuro como acionistas, segundo Isabelle. No caso da Randon, a primeira e a segunda gerações auxiliaram na entrada desses novos membros denominados como um “comitê de primos”, ajudando com compartilhamento de experiências, desenvolvimento do grupo, organização de fóruns e até mesmo com recursos financeiros.
Isabelle conta que esse processo de entrada dos jovens nos órgãos de governança aconteceu de forma lenta e estratégica. Os membros tiveram a oportunidade de participar de programas de estágio, participação em reuniões de planejamento da holding, além da aproximação com as gerações passadas.
Diferente de outros casos, na estrutura da Randon, as pautas de Conselho de Família são discutidas nas reuniões do Conselho de Sócios, sempre com a participação do comitê da terceira geração de forma ativa.
Já no caso do Grupo Cornélio Brennand, o Conselho de Família existe como órgão efetivo. Helena Brennand é da quarta geração da família do grupo empresarial centenário pernambucano. Ela conta que o processo de atualização do grupo iniciou com a aproximação de todos os membros da família com o negócio – mulheres, jovens e cônjuges. O processo de Governança Familiar mostrou a importância de a família como um todo participar da construção do legado.
Helena, que é a representante do seu núcleo familiar, conta que a primeira ação tomada foi a criação do Conselho de Família, que hoje conta com uma maioria da quarta geração e com a interação bem sucedida entre as gerações para a tomada de decisões. Esses novos herdeiros foram responsáveis por levar um pouco mais do seu contexto atual e da cultura nordestina para dentro da gestão da empresa.
Outro ponto de destaque para a atualização do Conselho é o fato do órgão ser separado em comitês que unem membros de diferentes gerações, com diferentes ideias em diferentes contextos, ou seja, grupos heterogêneos que tornam possível a oxigenação do trabalho de forma constante.
O planejamento estratégico do Conselho é responsável por explorar novas formas de engajar os membros no processo. Nesse sentido, Helena fala sobre os programas de formação de acionistas que foi reconfigurado para abranger as novas gerações de forma mais atrativa, por meio de fóruns de engajamento e desenvolvimento.
A profissionalização desses membros é ponto de destaque nas famílias, já que se tem uma preocupação, além de engajá-los na empresa, em auxiliar no desenvolvimento de suas carreiras, seja lá qual for sua área de atuação. Isso também passa a ser uma tarefa do Conselho de Família, muito presente nas discussões entre os comitês de jovens.
As novas gerações têm como o principal papel trazer modernidade e mudanças para dentro de um sistema geralmente tão tradicional. Essa tarefa é um desafio para esses membros que tem como principal pauta a inovação, mas que não podem deixar se perder a tradição, o legado e os valores da família. Compensar esses dois lados pode ser um dos principais desafios desses jovens, conforme trouxeram Isabelle e Helena. Para isso, se torna cada vez mais importante o engajamento e a capacitação desses membros, pensando em um futuro de acionistas responsáveis e inovadores.