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A figura feminina na nova realidade das relações de trabalho e família

figura feminina

Em meio à uma pandemia, onde se preza pelo distanciamento social, as famílias passaram a buscar novas formas de se relacionar entre si e com o trabalho.

Nesse contexto, aparece a necessidade de conversar e refletir sobre a nova família que está surgindo, considerando esses novos hábitos. Em casa, os pais e filhos se veem com rotinas de trabalho e estudo totalmente adaptadas e transformadas, aproximando-os de coisas que antes eram distantes.

Na primeira webinar do Instituto Sucessor, escolhemos conversar sobre essa nova família e sobre o impacto que o novo cenário trouxe para essas relações, conversando com mulheres, mães e empresárias da área de educação e psicologia de vínculos.

Sem uma infraestrutura ideal de escola e lazer para os filhos, pais e mães acabam por precisar adaptar essa nova realidade em família.

Sônia Goelzer, educadora, que fez da sua paixão pela educação um negócio familiar extremamente reconhecido, a Quinta da Estância, hoje se vê fortemente impactada pela pandemia, seja na empresa ou na família.

Com um negócio ligado às escolas, Sônia conta que a empresa está parada, mas que isso trouxe a possibilidade de se reinventar. Foi criado, por exemplo, um projeto de tour virtual. A família acaba por trabalhar muito, de forma unida, a fim de suprir as angústias que o período está trazendo.

Na vida pessoal a fundadora contabiliza muitos ganhos, já que a convivência acabou por se fazer mais presente entre a família. Sônia, com sua profissão de alfabetizadora, conta que está trabalhando na alfabetização dos dois de seus netos, construindo, assim, um momento de aproximação e afeto entre eles.

A nova realidade trouxe uma lacuna muito grande nos métodos e rotinas educacionais de crianças e adolescentes em fase escolar. Sônia comenta que o período é de grande dificuldade e ressalta o papel da mãe.

A figura feminina da família levou o trabalho para dentro de casa, ao mesmo tempo em que precisa cuidar dos afazeres do lar e dos filhos – que agora estão sem suas agendas preenchidas pela rotina escolar. A mãe precisa se adaptar à muitas atividades simultâneas e isso gera uma sobrecarga e cobrança muito grande para consigo.

Na visão da educadora, as mulheres podem ver esse momento de forma mais tranquila, percebendo as limitações e podendo assumir falhas.

Assumir que não se tem respostas para tudo e que a fase é conturbada e cheia de incertezas pode aliviar o estresse dessas famílias. A sobrecarga sobre a mãe, estudantes e profissionais não é positiva nesse momento.

É necessário enxergar essa fase como atípica. Não teremos respostas absolutas e seguranças nesse momento e essa procura aumenta a ansiedade.

De forma positiva, Sônia acredita que o momento é tão inusitado que talvez as pessoas vão tirar aprendizados maiores do que na aprendizagem formal.

Iara Pezzini Saccomori, psicóloga, sócia proprietária do Instituto Cyro Martins, também vive a realidade diretamente. Ela conta que a cobrança pelo cuidado consigo e pela mudança no hábito de trabalho veio do filho, assim como, a ajuda nessa adaptação também veio dele.

A Instituição que Iara coordena sofre com o cancelamento de eventos e programas, precisando aprender a se reinventar para seguir em frente. E, para isso, os recursos digitais têm ajudado muito.

Iara comenta que, de uma hora para a outra, a mulher precisou exercer o papel de mulher, mãe, profissional, dona de casa… tudo que sempre foi, mas agora sem suas válvulas de escape.

Sobre se reinventar, a psicóloga coloca que toda pessoa que tem uma capacidade flexível dentro de si, tem capacidade empática e tem também a capacidade de buscar novos conhecimentos e ir atrás de novas possibilidades. O que podemos fazer nessa fase conturbada, segundo ela, é buscar os recursos internos para encontrar o equilíbrio.

Conforme as palavras de Magda Geyer Ehlers, psicóloga e fundadora do Instituto Sucessor, a reflexão que fica a partir dessa nova realidade é sobre os vínculos que se gera nesse cenário – O que, afinal, realmente importa?

As mulheres, na posição de gerir a família, podem passar a pensar de forma diferente sobre esses vínculos e relações. Percebe-se, nesse momento, que a distância física acaba, muitas vezes, por nos aproximar da nossa essência. Começamos a construir um novo ciclo, com a oportunidade de revisitar nossos valores.