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Filantropia, ESG e Investimento de Impacto nas famílias empresárias

Já não é novidade que o mundo empresarial está cada vez mais preocupado com questões filantrópicas e de sustentabilidade.

Essas ações aparecem por meio de investimento nas mais diversas causas, assim como, são chamadas de diversas nomenclaturas: Filantropia, Capitalismo Consciente, Economia Sustentável, Investimento de Impacto e, principalmente, ESG (Environmental, Social e Governance – Ambiental, Social e Governança).

Todos esses conceitos possuem diferenças e, nesse artigo, vamos falar um pouco sobre essas práticas e sobre a relevância delas no contexto das famílias empresárias.

O que é filantropia?

No significado literal de dicionário, filantropia significa demonstração de profundo amor à humanidade, desprendimento, generosidade para com outrem, caridade.

Na prática, a filantropia vai além disso. No contexto empresarial, a prática filantrópica é associada às organizações e pessoas que dedicam tempo e recursos em ações e projetos solidários e/ou de grande relevância social. São ações que partem do sentimento filantropo, desse amor à humanidade, e que oferecem ajuda a quem precisa – caridade e doação de recursos especialmente financeiros.

É importante deixar claro que esse tipo de ação acontece sem expectativa de retorno monetário, além de ser muito difícil de medir a eficácia.

Quando se fala em famílias empresárias, a filantropia, tem sido a principal forma adotada para causar um impacto positivo na vida das pessoas com menos recursos e no suporte a causas diversas, como incentivo à educação, erradicação de doenças ou proteção ambiental.

O que é ESG?

Os fatores ambientais, sociais e de governança, quando levados em consideração como critério na tomada de decisão, representam o que é chamado de abordagem ESG. Isso se aplica tanto na gestão de empresas, quanto na análise de investimentos.

No menor grau, evita-se investir em empresas que gerem impacto social ou ambiental negativo ou que tenham histórico de práticas reprováveis na gestão e governança.

O que é Investimento de Impacto?

Basicamente, trata-se do investimento em empresas que tenham no seu modelo de negócio o objetivo de contribuir para a solução de algum problema social ou ambiental. Empresas que, consequentemente, impactam de forma positiva, seja por um produto ou serviço, seja por sua operação.

Esse impacto positivo deve estar associado a uma expectativa de retorno financeiro para que o negócio seja autossustentável.

Existem diversas abordagens para o Investimento de Impacto e muitas famílias acabam se orientando pela agenda da ONU – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

A prática da filantropia e ESG pelas famílias empresárias

Segundo a pesquisa Family Office Report Brasil, desenvolvida pela INEO desde 2018, ESG é um assunto cada vez mais em pauta dentro e fora do contexto de famílias empresárias e investidoras. As causas como filantropia, investimento de impacto e ESG possuem uma perspectiva de crescimento nos negócios familiares.

Conforme mostrou a pesquisa no ano de 2020, “76% dos participantes informaram que sua única abordagem de investimentos é a tradicional, ou seja, priorizam o retorno financeiro sem uma análise sobre o impacto social e ambiental gerado pela empresa investida. Outros 12% afirmam realizar, tanto investimentos tradicionais quanto com a ótica ESG, e outros 12% aplicam o filtro ESG em 100% da sua carteira.”filantropia esgFonte: Family Office Report Brasil 2020

As duas principais motivações para se engajar com ESG e Impacto são o sentimento de responsabilidade por fazer um mundo melhor e a crença de que ESG irá gerar melhores retornos financeiros. Contudo, o principal desafio apontado é a crença de que para fazer Investimento de Impacto tem que abrir mão de retorno financeiro.

Os participantes da pesquisa tem perspectiva de aumentar o direcionamento de recursos para a filantropia. Até 2023, aproximadamente 59% dos respondentes pretendem direcionar de 1% a 5% de seu patrimônio para essa prática.

Conforme Marcelo Geyer Ehlers, co-autor da pesquisa, algumas famílias praticam o ESG há muito tempo e de forma natural, mesmo sem conhecer esse conceito. Ainda assim, a “onda ESG” que estamos vivendo é muito bem vinda, pois muitos estão revisando internamente o que entendem por sustentabilidade e enxergando de maneira mais ampla. O próprio mercado consumidor está mais exigente quanto aos produtos e serviços que consomem, demandando que as empresas se adaptem. Marcelo acredita que os negócios sustentáveis serão os que vão ser bem sucedidos no longo prazo.

Nas famílias empresárias, esse tipo de preocupação social tem sido trazido, na maioria das vezes, pela nova geração. A pesquisa FOR 2020 mostra que demandas mais conectadas com um legado, como ESG e Filantropia, têm na nova geração o maior protagonismo. 

É um tema que surge quando se discute futuro e propósito, quando se questiona quais os problemas sociais e ambientais o negócio está impactando e de que forma (positiva ou negativa).

Falando de filantropia, Marcelo acrescenta que ela é fundamental para amenizar os problemas sociais ou ambientais que ainda não foram alcançados pelos negócios de impacto.

O inegável é que em um Brasil onde tudo está ‘por fazer’, onde temos diversas necessidades sociais e gargalos para o desenvolvimento, empresas que se preocupam com essas causas terão, sem dúvida, um futuro mais próspero e uma maior longevidade.