O mundo está diante dos nossos olhos, ao alcance das nossas mãos e cabe no bolso. Essa facilidade de contato com um universo de possibilidades tem sido fonte de um questionamento entre especialistas em educação e comportamento: estamos vivendo por inteiro os momentos reais da nossa vida?
Pesquisas recentes mostram que o brasileiro passa mais tempo conectado e que esse acesso tem se consolidado por meio de aparelho móveis, como celulares e tablets. Ao mesmo tempo que temos notícias em tempo real e conseguimos eliminar distâncias físicas para manter contato com amigos, colegas e familiares, esse avanço científico tem nos tirado dos momentos em que estamos fisicamente presentes.
“Esse novo contexto de tecnologia e de um grande volume de informações tem nos exigindo mais consciência, humanidade, protagonismo”, avalia Fernanda Geyer Ehlers, coordenadora da área de planejamento e inovação do Instituto Sucessor.
O questionamento se torna ainda mais íntimo quando observamos nossas rotinas em casa, ao lado dos familiares, filhos e amigos. Os olhos vidrados nos telefones, entretidos por jogos, conversas em redes sociais ou apenas pelo simples checar de e-mails. Onde estamos: na sala com as pessoas que amamos ou no mundo virtual?
“Estar ao celular é uma forma de deixarmo-nos levar pelo acaso, pela vida do outro. O que está lá fora parece ser mais importante do que o que está acontecendo aqui e agora”, opina Fernanda.
São inúmeras as tentativas de fazer com que se perceba a importância de cultivar as relações por meio do toque, da escuta, da fala e do olhar. Nessas mesmas redes sociais e blogs, são publicadas fotos de bares e restaurantes que oferecem rodadas cortesias para quem conversar por uma hora ou lugares que só dão acesso à senha do wifi depois de alguns minutos de papo sem o telefone. Há quem comercialize caixas para que os celulares sejam depositados durante os encontros ou refeições.
“A questão da troca e do convívio é o maior desafio desse novo cenário tecnológico. E todas essas transformações já nos impactam, exigindo ainda mais maturidade, discernimento e respeito”, defende Fernanda.
Ter uma vida off-line tão intensa quanto a que se tem on-line e compreender a importância de cada momento vivido é o desafio dos dias de hoje. Equilíbrio parece ser a melhor chave para ter relações com mais qualidade e com a tecnologia como aliada.
