A pergunta que é título desse artigo é feita com frequência e em distintas formas pelos membros de uma família empresária. Pensar sobre o processo de sucessão já é o primeiro passo, segundo a fundadora do Instituto Sucessor e consultora de famílias empresárias, Magda Geyer Ehlers.
“Eu diria que não existe um padrão, mas existem oportunidades ao longo desse caminho”, destaca Magda.
Para ela, a primeira oportunidade aparece, nas empresas de dono, quando os filhos, já adultos, começam a trabalhar ao lado do pai. Esse é um cenário bastante corriqueiro, segundo Magda, e representa um momento em que a primeira e a segunda geração partilham conhecimentos e atuam lado a lado.
“Essa fase de planejamento e de preparação desses sucessores leva, no mínimo, cinco anos. Por isso, o quanto antes ela for iniciada, melhor”, detalha a consultora, que é autora do livro Ao Seu Tempo – Um olhar sobre a trajetória dos fundadores de empresas familiares, lançado em 2019.
O outro momento oportuno se dá quando os membros da terceira geração, ou seja, os netos do fundador, estão na adolescência. Esse é um momento importante pois começam a surgir os interesses profissionais, a escolha de uma carreira, de formação etc.
“A procura deste caminho pela terceira geração é outro momento ideal para se iniciar um processo de sucessão, pois ele permite a instalação da governança, a criação dos programas de formação, de visitas regulares à empresa da família. É o momento oportuno para que os jovens se aproximem do negócio, conheçam a história da família, o legado, participem dos fóruns, pois ninguém ama o que não conhece e nem cuida do que não tem”, comenta Magda que ao longo de 30 anos já acompanhou mais de 350 famílias empresárias.
O terceiro momento é o de uma crise. Quando uma situação de dificuldade se abate sobre a empresa também é possível utilizar o processo de sucessão para ajudar na reconstrução do negócio sem que a família seja atingida. Nesse caso, a opção é que a sucessão seja feita escolhendo no mercado um profissional qualificado e isento para a posição.
“Isso evita que um membro da família seja escolhido para uma missão heroica que pode ser árdua e o estigmatizar. Assim, protegem-se as pessoas, evitando danos para as relações familiares. E a empresa estará nas mãos de alguém capacitado e isento para a tomada de decisões necessárias”, comenta a fundadora do Instituto Sucessor.
Para Magda, o momento ideal é sempre preventivo, ou seja, o mais cedo possível, permitindo que todos os envolvidos possam participar desse processo, realizar suas escolhas e, assim, preservar a família, suas relações e o legado.