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A Governança Familiar na prática

By 02/07/2020 julho 9th, 2020 No Comments
Governança familiar na prática

Na continuação de nossas discussões sobre a Governança Familiar com especialistas e membros de família, convidamos a executiva Sílvia Englert, que tem seu trabalho dedicado exclusivamente à atividade da governança com a família proprietária da empresa Votorantim.

No webinar realizado no dia 11 de junho de 2020, optamos por conhecer um pouco mais sobre o processo, entendendo a prática do Conselho de Família e demais assuntos.

Silvia, que hoje é diretora do Conselho de Família do Grupo Votorantim – empresa reconhecida pela longevidade da família e dos negócios – é responsável pelo processo de educação e desenvolvimento das novas gerações, além do planejamento sucessório e comunicação entre as estruturas de governança familiar. A executiva está há cerca de 34 anos nesse universo da empresa familiar, sendo há 5 anos na empresa atual e destaca que as relações de causa e efeito do processo da governança são as mesmas tanto em empresas grandes, como é o caso da Votorantim, quanto em empresas menores.

 

A prática do Conselho de Família na estrutura de Governança Familiar

 

Para que a prática seja bem desenvolvida, a teoria sobre a estrutura de Governança Familiar deve estar bem clara tanto para membros da família, quanto para executivos e demais profissionais envolvidos. O modelo de família/ empresa/ propriedade bem desenhado pode facilitar o dia a dia da prática nesse universo.

Nesse contexto, o Conselho de Família, segundo Silvia, acaba por se tornar um grande “parceiro estratégico” dentro da estrutura de governança e do negócio. Independente do porte da empresa, tamanho da família ou estrutura do negócio, em um Conselho de Família não se pode sair das órbitas: cuidado com a família, união, longevidade e preservação dos valores da família, funcionando como um “guardião” desses interesses familiares.

Para a profissionalização do Conselho de Família, Silvia destaca a importância da construção de processos que desenhem a expertise desse órgão, de forma similar à organização dos órgãos de Governança Corporativa. Mais do que a realização dos fóruns e encontros de família, o Conselho deve ser responsável pela continuidade do legado de forma organizada. Um exemplo disso é a criação de um sistema efetivo de comunicação entre as estruturas da Governança Familiar.

Outro ponto de relevância é que o modelo dessas estruturas deve ser personalizado, ou seja, o modelo de uma família não necessariamente vai servir para outra – o processo deve ser estudado e direcionado às necessidades daquela família empresária.

Além disso, a executiva comenta sobre a importância de se ouvir todos os membros da família envolvidos ou não na empresa. Integrar essas pessoas no processo é extremamente benéfico para o alinhamento de expectativas e continuidade do negócio.

Nessa questão, inclui-se também a educação de herdeiros. Dentro do contexto de sucessão, o Conselho de Família deve agir diretamente no desenvolvimento das novas gerações. Estimular o familiar às práticas de governança e ao convívio na empresa pode trazer futuros líderes e vai, com certeza, assegurar a longevidade.

Ainda no sentido de profissionalizar o órgão e torná-lo efetivo, relevante e seguro dentro da estrutura de governança e dentro da empresa, Silvia faz a ressalva dos acordos e combinações necessárias para o processo, sejam eles protocolos, acordos, planos de ações ou constituições.

O grupo responsável pelo Conselho de Família deve estar, portanto, integrado com a causa, não apenas da empresa, mas também da família em si. Esses membros, diferente de outros órgãos da empresa, trazem em si um orgulho de pertencer, uma paixão que destaca essa como sendo empresa familiar.