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Os vínculos e limites na Governança Corporativa

By 29/10/2020 novembro 24th, 2020 No Comments
Governança Corporativa

A Governança Corporativa é entendida como um sistema de processos e políticas regulamentadas pelo qual uma empresa é dirigida, administrada ou controlada, que profissionaliza e auxilia nos desafios que a modernidade impõe.

Boas práticas de governança criam relacionamentos saudáveis entre conselho de administração, investidores, gestores, funcionários e, no caso da empresa familiar, entre os membros da família.

A implantação desse sistema serve, justamente, para conseguir criar uma separação entre a ideia de propriedade, de família e de gestão. Podemos dizer, portanto, que a implementação de diretrizes de GC fortalece a organização.

Para a especialista Sandra Guerra, nesse contexto de governança, os vínculos e limites são positivos, porém precisam ser colocados em perspectiva. Diferente da Governança Familiar, o Conselho de Administração, órgão da GC, tem uma responsabilidade maior para com a empresa. Sendo assim, deve-se ter o entendimento de que nem sempre esses interesses da empresa estão completamente alinhados com os interesses da família.

O conselheiro deve entender as aspirações e diretrizes estratégicas dos donos e tem o dever de pensar no melhor para a empresa, considerando sempre as implicações dos stakeholders e das demais partes interessadas no negócio.

Além disso, é sempre importante levar em consideração o contexto e a sociedade em questão. As relações dos órgãos da GC, mais do que com donos e acionistas, deve se basear também na comunidade e ambiente.

Na fase inicial de uma implantação do conselho, a discussão estratégica ainda é muito recente e não acontece de uma maneira estruturada, considerando que o planejamento das estratégias de administração ainda pertence totalmente à família, o que mostra o conselho ainda como um “corpo estranho” nesse ambiente.

Nesse momento, os limites ainda são completamente difusos, sem haver uma clareza do papel desse novo órgão. O conselho, portanto, deve trazer para a discussão essa separação de papeis e protagonismo para, aos poucos, ir criando o seu local de estratégia, mas sempre respeitando os vínculos com os proprietários, valores familiares e acionistas.

No período inicial, mesmo considerando a família como o grande “especialista” no seu negócio, é necessário um preparo dos envolvidos, desenvolvimento de pessoas e membros familiares, disposição de tempo e mente aberta e madura para incluir o conselho como protagonista. Dessa forma, se estabelece o vínculo com o órgão e com a estrutura de Governança Corporativa.

Esses vínculos e limites devem se complementar e manter um equilíbrio para nunca perder a objetividade e a obrigação pertinente à estrutura de governança. “Manter o vínculo sem perder a objetividade que assegura os limites fundamentais para o exercício do papel de conselheiro ou executivo de empresa familiar”, conforme destaca Sandra.

A especialista, que é uma das precursoras da Governança Corporativa no Brasil, comenta que os limites são preciosos para a separação de papeis e responsabilidades dentro de uma organização, assim como, os vínculos saudáveis permitem o engajamento.

Sandra Guerra atua como conselheira e presidente de conselhos de administração desde 1995. Sua experiência reúne atuação em conselhos de empresas listadas, fechadas, de controle familiar, de controle estatal, além de organizações sem fins lucrativos no Brasil e no exterior. Com 25 anos de vivência em governança corporativa, Sandra integrou o grupo de fundadores do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), onde foi a presidente do conselho da entidade por quatro anos, de 2012 a 2016. Foi também conselheira da International Corporate Governance Network (ICGN) por duas vezes. Desde o seu mestrado em Administração de Empresas pela FEA-USP (2009), seu foco de pesquisa tem sido o conselho de administração. Certificada como Conselheira de Administração pelo IBGC e como Mediadora pelo CEDR-Centre for Effective Dispute Resolution (Reino Unido), Sandra Guerra segue atuando como conselheira de administração, hoje na Vale S.A. É sócia-diretora da Better Governance, consultoria em governança corporativa com foco em conselhos. Autora do livro “A caixa-preta da governança. Conselhos de administração revelados por quem vive dentro deles”, Editora Best Business, de 2017, agora em sua 2ª edição.

A especialista estará presente no 12º Painel do Instituto Sucessor para oferecer a discussão dentro do viés de Governança Corporativa.

O evento acontece no dia 18 de novembro, às 9h. Participe! Inscreva-se aqui.