Realizar a implantação da governança, seja ela familiar, corporativa ou patrimonial, nada mais é do que viver na prática as combinações e rotinas pré-estabelecidas durante um período de tempo. Esse processo vai até o momento em que os responsáveis estejam em uma rotina própria de exercer seus papéis.
Esse conjunto de práticas que definem as responsabilidades e ajudam a desenhar os processos para a tomada de decisão vai realizar a profissionalização da empresa familiar em cada uma das três esferas: família, empresa e patrimônio.
A GOVERNANÇA FAMILIAR tem como pauta principal relacionar a família com negócio e legado, alinhando objetivos e estratégias. Ela é responsável por identificar os valores, os propósitos, os princípios e a missão da família; contemplar a celebração de acordos e a definição de regras e papéis e; fomentar o desenvolvimento dos sócios e das novas gerações.
O principal órgão é o CONSELHO DE FAMÍLIA e o principal documento da Governança Familiar é o ACORDO ou PROTOCOLO FAMILIAR, que vai definir os princípios básicos de funcionamento e relacionamento entre família e empresa.
O protocolo vai criar um quadro definido de atuação com o objetivo de prevenir conflitos futuros e dar segurança às organizações familiares e seus integrantes. É um documento essencial no planejamento da governança familiar, já que estabelece as regras que vão reger as relações, como: Código de conduta, nova geração, conselhos, comitês, fases do processo de sucessão e demais aspectos que cada família define conforme alinhamento.
No âmbito da empresa, a GOVERNANÇA CORPORATIVA é responsável por assegurar que os interesses dos sócios e dos executivos estejam alinhados, potencializando o desenvolvimento e prosperidade do negócio; além da profissionalização da empresa familiar; a Gestão da Sucessão; o Planejamento Estratégico e; a consolidação dos pilares da transparência, equidade, prestação de contas, responsabilidade e sustentabilidade.
Conforme o nível de governança e características esperadas, o principal órgão desse sistema pode ser CONSELHO CONSULTIVO ou deliberativo (DE ADMINISTRAÇÃO). Já o principal documento passa a ser o ACORDO SOCIETÁRIO.
Para ser capaz de durar por gerações, a família deverá adotar um mindset de Família Investidora passando a ser necessário o sistema da GOVERNANÇA PATRIMONIAL – Conjunto de práticas que visam o total alinhamento de interesses entre a gestão do patrimônio e os objetivos da família.
As pautas da GP passam por: refletir valores e crenças da família investidora na gestão dos ativos; ESG – Governança Ambiental, Social e Corporativa; equilíbrio financeiro considerando despesas, inflação, impostos e rentabilidade dos investimentos; controle sobre investimentos e despesas; planejamento da sucessão e eficiência tributária; entendimento amplo do patrimônio sendo composto pelos capitais financeiro, humano, intelectual, social e familiar.
O FAMILY OFFICE, nesse sistema, passa a ser o veículo que acompanha a família na sua jornada de longo prazo, desenvolvendo e executando as estratégias da gestão do patrimônio.
Nesse caso, destacam-se documentos como: Planejamento Estratégico da Família; Política de Investimentos e mandato; Política de dividendos e reinvestimento; Orçamento Familiar e; Estatuto do Family Office.
Como funciona a implantação da governança em empresas familiares?
Tudo começa com o planejamento. O primeiro passo, na metodologia do Instituto Sucessor, é estruturar as combinações através do acordo e protocolo.
Uma dúvida comum é qual o momento e, principalmente, para quem o sistema de governança é destinado.
Muitas vezes pode parecer que “governança” é algo complicado, complexo e distante da realidade da maioria das empresas familiares, mas não é bem assim. Cada empresa e cada família tem a sua história e podem estar em momentos distintos, contudo, todas as organizações, principalmente as de controle familiar, precisam entender e implementar os princípios da boa governança para competir hoje e no futuro.
A implantação da governança destina-se, portanto, a todas as famílias empresárias e empresas familiares, independente do porte. É indicado quando a família identifica o desejo de sair da gestão centralizada no fundador para encaminhar a empresa para a profissionalização.
Os sistemas de governança vão funcionar como instrumentos voltados para diminuir as assimetrias e tensões, sempre buscando a preservação do negócio e das relações familiares.
Essa transição é importante tanto para o planejamento da sucessão, para a prevenção de conflitos e, principalmente, para a melhor operação da empresa.
Na prática, a governança ajuda a combinar as regras do jogo, definir os papéis de cada integrante, criar os fóruns adequados para discussão de cada tema e, principalmente, alinhar os critérios para tomada de decisão, respeitando os desejos da família e a sustentabilidade do negócio.
Um sistema de governança bem implantado gera valor para a organização, para a família e para a sociedade.